O Amor e a Sombra

O AMOR E A SOMBRA Amor é amor. Como adjetivar o Amor, conceito que não admite qualificações? Amor é incondicional, existe além e apesar. E é o amor o recurso essencial para se percorrer a trajetória de autoconhecimento. Quando se propõe despojadamente o autoconhecimento, tem-se como ponto de partida a Autopesquisa. Isso significa que passamos a ser pesquisadores de nós mesmos. Psicoterapia nada mais é do que a autopesquisa, acompanhada amorosa e tecnicamente por outro ser humano. Mas acompanhado ou não por um psicoterapeuta, a melhor ferramenta trazida na maleta de autopesquisa será o Amor. Precisamos dele, o Amor, ao descobrir que nossa face iluminada a que chamamos Persona, máscara ou papel que usamos no contexto social e até mesmo afetivo, mantém do lado oposto uma parte não iluminada, a que chamamos Sombra, e que nos pertence, embora seja tão ostensivamente renegada por nós. Não há como experimentar a autopesquisa sem se deparar com a sombra, nossa dimensão onde se encontram nossos traços mais obscuros de caráter e personalidade. E não há tarefa mais definitiva e importante para alguém que deseja se conhecer e fazer transformações, do que se conscientizar da própria sombra. A Sombra é um lado nosso que precisa ser acolhido, aceito e integrado ao que somos. E não há uma forma melhor de se acolher, aceitar e integrar alguém que também somos, do que com amor. Daí parte nossa possibilidade de amar o outro. Tudo começa em nós. Com o exercício amoroso e integrador. Se não for este o caminho, o que se vê é a dança neurótica do ser que tenta esconder sob as vestes, sob o tapete, sob si mesmo, sua parte menos desenvolvida e mais desequilibrada, a Sombra. Uma parte que jamais terá direito à luz do dia e à integração. Será relegada aos porões, de onde um dia sairá para cobrar a atenção que lhe é devida. Melhor o caminho amoroso e integrador. Isso nos aproxima de quem genuinamente somos.